Nove tarântulas coloridas e peludas encontradas no Brasil (12.11.2012)
Das
nove espécies, classificadas em três géneros diferentes, a que mais chama à
atenção é a Typhochlaena costae. Tem o corpo pintalgado de cor-de-rosa, amarelo
e azul e é das tarântulas arborícolas mais pequenas que se conhecem, com apenas
dois ou três centímetros de comprimento.
Mas
no conjunto agora descrito há tarântulas de outras cores e tamanhos, todas elas
com um certo ar de peluche, devido aos pêlos no corpo.
As
das espécies Iridopelma katiae e Pachistopelma bromelicola, cujos
representantes podem chegar aos 13 centímetros de comprimento, têm o corpo de
um vermelho quase castanho.
Todos
os exemplares descritos são coloridos, ao contrário do que seria de esperar em
tarântulas adultas, que normalmente não têm cores, diz ao PÚBLICO Rogério
Bertani, aracnólogo do Instituto Butantan de São Paulo e responsável pelo
projecto de identificação destas espécies. “Os jovens de tarântulas arborícolas
são normalmente coloridos, mas os adultos costumam perder as cores exuberantes.
Alguns padrões encontrados nestas espécies são únicos e não aparecem em nenhuma
outra espécie conhecida.”
Por
que razão o corpo é tão colorido é uma pergunta ainda sem resposta. “Esse
colorido deve ter alguma função protetora contra predadores. Porém, até o
momento, não conheço nenhum trabalho que tenha sido feito para demonstrar a
real função dessas cores”, responde o aracnólogo.
As
tarântulas arborícolas são conhecidas nalguns locais tropicais da Ásia, África,
América do Sul, América Central e nas Caraíbas. No Brasil, é na Amazónia que
vive a maior parte das espécies. Porém, estas nove são do Brasil central e
oriental, uma descoberta inesperada e que, para Rogério Bertani, mostra o quão
pouco se sabe sobre a fauna do planeta.
Estas
tarântulas (que são aranhas) chegaram até ao aracnólogo de diversas maneiras.
“Algumas espécies foram recolhidas em expedições, outras tinham sido recolhidas
há muito tempo e estavam guardadas em colecções científicas e outras foram
encontradas por outros aracnólogos que sabiam que eu estava a trabalhar com
esse grupo de aranhas e me enviaram os exemplares.”
As
tarântulas arborícolas têm o corpo fino e leve para serem ágeis e as pernas
compridas e ligeiramente mais largas nas extremidades, para poderem trepar com
mais facilidade. Em relação à alimentação das novas tarântulas, também ainda
não há certezas. “Provavelmente alimentam-se de insectos, outras aranhas e,
esporadicamente, de pequenos vertebrados, como sapinhos”, diz Rogério Bertani.
Além
de serem coloridas, outro aspecto curioso destes animais, cuja descrição
pormenorizada foi publicada na revista ZooKeys, é que algumas das nove espécies
vivem dentro de plantas da família das bromélias. “Apenas conhecíamos uma espécie
que vivia exclusivamente dentro dessas plantas, e agora temos outra espécie
especializada em bromélias”, diz o aracnólogo brasileiro. “Nos locais onde
vivem tarântulas arborícolas, esse é dos poucos com água e um refúgio para a
luz solar intensa”, acrescenta o investigador, citado num comunicado do grupo
editorial da revista.
A
intensa actividade humana, com a destruição do seu habitat, pode ter efeitos
perversos na preservação destas espécies, que são dependentes da vegetação.
Apesar de não haver estudos que mostrem que estão ameaçadas, o cientista sugere
mais investigações, para garantir a conservação das espécies. Além disso, é
preciso ter cuidado com outra ameaça: como são espécies coloridas, podem atrair
o interesse do comércio de animais de estimação.
Fonte:
http://www.publico.pt/Ciências/nove-tarantulas-coloridas-e-peludas-encontradas-no-brasil-----1572204