Adriana
Xavier tem de 18 anos e participou, como muitos milhares de pessoas, na manifestação
de protesto contra a austeridade no passado dia 15 de setembro em Lisboa. Enfrentando
pedras, petardos e tomates, a jovem avançou, resoluta e corajosa, e abraçou um
polícia para, nas suas palavras palavras, lhe dar “um gesto de amor”.
Às vezes vemos os polícias partir para a
violência e aproximei-me porque queria perceber o que é que eles eram capazes
de fazer. Porque eles também são o povo, também estão a ser prejudicados com as
medidas [do Governo].”
A certa altura, fixou-se num agente em
particular. “Já tinha sido lançada uma bomba de fumo”, diz. “Já tinha olhado
para ele, quando ele ainda não tinha a viseira. Tinha um olhar triste. Mas
tinha um olhar aberto também. Sou muito sensível nestas coisas”, conta a aluna
de Artes Visuais. “Fui ter com ele e perguntei-lhe: ‘Por que é que vocês estão
aqui? Para provocar alguma reacção má?’ Ele disse: ‘É o meu trabalho.’ Depois
perguntei: ‘Não gostava de estar deste lado?’ E ele não respondeu. Olhou em
frente.”
Adriana voltou a afastar-se, os gritos à sua
volta continuavam, depois pensou: “Pensei uma, duas, três vezes. E aproximei-me
dele. Acredito que se der amor, recebo amor. E foi por isso. Queria ter um
gesto de amor. Queria ter uma reacção boa naquele momento, não quero ter
sentimentos maus. Aproximei-me dele, abracei-o. Ele ficou estático. Depois
afastou-se suavemente. Não me afastou, afastou-se.”
A aluna que só não concluiu este ano o 12.º
ano por causa da disciplina de Geometria Descritiva acha que não fez nada de
especial: “Não fui a primeira pessoa no mundo a abraçar um polícia. Já tinha
visto outras imagens assim.” Diz que se limitou a querer passar uma mensagem de
amor. “Aquela imagem é o que eu sou. Acredito que em breve vai haver uma
mudança. Espiritual.”
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